Na madrugada de 3 de janeiro de 2025 a nossa querida Isabel partiu para o Pai, na residência das religiosas do Amor de Deus, onde vivia.
Partiu serena e confiante, completamente despojada de todos os bens materiais, visto que os foi entregando a todos durante estes últimos meses em que a doença se desenvolveu. Enquanto as forças físicas da Isabel foram decaindo, assim foi brilhando cada mais a sua entrega, esta entrega que carateriza os que se confiam a Jesus e que dia e noite meditam na lei do Senhor. “O fruto do amor é o abandono”, estava afixado na parede do seu quarto nestes meses em que ficou mais confinada. Costumava dizer: no dia em que o Pai me chamar, que Maria e José me tomem pelas mãos e me revistam das suas virtudes e assim me apresentem a Jesus, para que assim eu Lhe seja agradável.
Uma Carmelita Descalça Secular orante e corajosa, uma mulher dinâmica (sempre repetia que o amor é dinamismo), pronta no acolhimento cheio de ternura mas que apreciava a verdade simples e amorosa, sem rodeios. Intuitiva e sensível, trabalhadora que pensava em todos os detalhes, mas também cheia de criatividade.
Aqui está a última oração que me pediu para lhe ler:
Tornar-se escuta
Aqui estou, Senhor, como um grão de areia no deserto.
Aqui estou, Senhor, de pés descalços à tua espera.
Aqui estou, Senhor, com o coração aberto à escuta.
Aqui estou, Senhor, à procura de paz na tua resposta.
Quero estar junto a ti, sentado aos teus pés,
Sem pensar nem procurar, sensível àquele que vem.
Quero transformar em escuta o meu coração atordoado.
Quero estar em gratuidade contigo, aqui e agora.
Quero unificar o meu ser e ser no teu ser.
Aqui estou, Senhor, Senhor, cheio de ruídos.
Quero silêncio para escutar a tua palavra a partir do coração que anseia voltar de novo à origem, ao paraíso, e, ao cair da tarde, encontrar-me na tua presença.
(Miguel Marquez) C. Taveira
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